As primeiras imagens que guardo de subnutrição na memória, situam-se na década de sessenta do século passado, na Etiópia.
Porém, há dias tive oportunidade de me deparar com uma realidade igualmente sem sentido e bem mais próxima.
Durante a hora do almoço, dirigi-me a uma superfície comercial. Reparei que os seus clientes eram maioritariamente jovens. Enquanto aguardava a minha vez na caixa, apercebi-me de que compravam pacotes de batata frita, refrigerantes fortemente gaseificados e açucarados, doces, especialmente tortas em embalagens familiares, pão de forma industrial branco (que na rua barravam com maionese), produtos de charcutaria de baixo custo, pacotes de vinho de longa duração. E, para trazer tudo isto, passavam pela frutaria, literalmente como “cão em vinha vindimada”.
A alguns, devido à sua idade, era-lhes recusada a venda de bebidas alcoólicas mas estes, passavam-nas aos colegas com mais de 16 anos que lhas entregavam depois da linha de caixas. Fui noutros dias, à mesma hora a outras superfícies comerciais, a realidade é a mesma.
Não são sem-abrigo, mas até parecem, são filhos e filhas de família, estudantes das nossas escolas. O futuro do que quer que “isto” venha a ser.
E isto representa o quê?
A falência do sistema de ensino? Os nossos jovens dão as matérias apenas para passarem e não chegam a transformar essas matérias em conhecimento? Ou não conseguem fazer a “ponte” entre os livros que supostamente estudam e a realidade em que vivem. As refeições servidas nas escolas serão pouco apelativas? Os exemplos de casa serão estes? Ou o que é ainda mais grave, estarão a jogar uma roleta russa silenciosa sem se importarem com as consequências dos seus actos?
Quem se importa?
Quem se preocupa?
Quem quer intervir?
Nós, pais, tios, família, professores, amigos, precisamos de dar respostas a esta situação ou a médio prazo, estaremos todos a sofrer as consequências, mas principalmente os nossos jovens.
Quem se chega à frente?
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